Marcelo Bonfá; Dado Villa Lobos; Renato Russo. |
Não sei porque um antigo costume que eu tinha na época do
colégio acabou se perdendo com o tempo: o de escrever. Talvez por medo de que
pegassem meus escritos e interpretassem mal os meus devaneios pessoais. Mas
agora eu quero voltar com esse hábito e que se dane o que pensarem a respeito.
Estou numa fase especial da minha vida e quero deixar isso registrado para a
posteridade.
Acabo de assistir ao filme “Somos tão jovens”, que conta um
pouco da vida de Renato Russo até chegar ao sucesso da Legião Urbana, banda que
à propósito é uma das minhas favoritas e pela qual eu sinto muita tristeza por
não ter podido assistir tocar pessoalmente. Renato morreu quando eu ainda era
pequena, entretanto me lembro até hoje que no dia da morte dele eu chorava, assim
como eu estou chorando agora, meio que sem entender muito bem o motivo, mas
sabia que era de alguma forma especial.
O que o Renato fez, com quem ficou, as drogas ou não que
usou, isso é o menos importante do filme. O que ele carregava, junto com uma
pancada de gente naquela época, isso sim era importante e foi muito bem captado
(na minha opinião) no filme: o sonho.
E é justamente sobre sonhos e sobre juventude que eu quero
falar aqui. Na verdade sobre o sentimento de amizade e de cumplicidade que esse
filme transmite e que me traz à tona momentos marcantes e muito parecidos que
vivo atualmente com os meus amigos. Não que os outros todos que passaram pela
minha vida sejam menos significativos, muito pelo contrário, acho que todas as
pessoas que passaram pela minha vida até hoje, principalmente as que deixaram
marcas ruins, me ajudaram a ser quem eu sou hoje.
Acontece que esses com os quais eu convivo, essa juventude
cheia de expectativas e de sonhos, revoltada com a situação do país, louca pra
ser ouvida, pra ser também lembrada, foram esses que apareceram a cada momento
no meu pensamento enquanto eu assistia ao filme, encantada com a naturalidade
das coisas e com a forma como a geração coca-cola de antes era parecida com a
de agora.
“Ainda somos os mesmos e vivemos como nossos pais”... frase
mais certa do que essa, impossível. E, de verdade, é um prazer me sentir de
alguma forma tão próxima daquela geração que pensava, que sabia o que queria,
que se divertia a beça, mas não deixava o mais importante escapar: a certeza de
que tudo vai dar certo.